PRP: entenda sobre os cuidados com o procedimento e a importância da biossegurança
Popularmente conhecido somente pelas iniciais, o Plasma Rico em Plaquetas (PRP) pode ser utilizado em diversas áreas da saúde, como odontologia, dermatologia, estética e muitas outras. O procedimento ganhou grande visibilidade após famosos de todo o mundo começarem a realizar o tal tratamento e exibirem os resultados satisfatórios.
Desde 2000, tanto o PRP quanto a Fibrina Rica em Plaquetas (PRF), começaram a ser aprimoradas e muito utilizadas, devido aos ótimos resultados apresentados para a medicina, odontologia e estética. É uma técnica extremamente propagada, aceita e utilizada em muitos países da Europa e também nos EUA.
Resumidamente, o PRP utiliza o sangue do próprio paciente, trabalhando na concentração de plaquetas autólogas em pequenas quantidades de plasmas. Para isso, o sangue passa, primeiramente, por centrifugação com a utilização de anticoagulante, o que resulta no material que é aplicado em tratamentos menos complexos.
O intuito das aplicações pode ser voltado para regeneração de tecidos ou para obter aumento em determinadas regiões. Além disso, a técnica traz excelentes resultados quando aplicados em rugas, linhas de expressão e olheiras também, sendo uma alternativa para os preenchimentos com Ácido Hialurônico.
Recentemente, foi ao ar em TV aberta uma reportagem alertando a população sobre o uso do Plasma Rico em Plaquetas, onde duas pacientes relataram as intercorrências que aconteceram após realizado o procedimento numa clínica de estética.
Esse conteúdo trouxe uma pauta importante a ser discutida acerca do PRP, uma vez que existem muitos estudos científicos que comprovam a eficácia e segurança deste procedimento.
Por isso, neste artigo você vai entender, com embasamento em artigos científicos, sobre o PRP, sua utilização no mercado da Saúde Estética, os benefícios, o que dizem os Conselhos e a Anvisa e alertar sobre a necessidade de biossegurança.
Índice
PRP: Entenda o posicionamento do CFBM e da Anvisa
Mesmo que o Biomédico seja devidamente habilitado, de acordo com o Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), a realizar procedimentos estéticos com agulhas, respaldado nas Resoluções nº 197/2011, n° 200/2011 e n° 214/2012, nada consta nas resoluções sobre a prática do Plasma Rico em Plaquetas.
Segundo a Nota Técnica n° 012/2015 GSTCO/GGPBS/SUMED/ANVISA, com o vigente Parecer 20/2011 do Conselho Federal de Medicina (CFM), o órgão determina o uso do PRP em procedimentos terapêuticos experimentais.
A partir disso, a Anvisa considera que os procedimentos PRP e PRF podem ser realizados no Brasil seguindo as normativas dos Conselhos de Ética em Pesquisa. Por isso, segundo o CFBM, não é permitido que biomédicos realizem este procedimento, seja de forma isolada ou associada a outros procedimentos.
Entretanto, é válido lembrar que a Anvisa é a entidade responsável por regularizar produtos e medicamentos industrializados. Como o PRP é um “produto” autólogo, ou seja, natural do corpo humano, não depende do órgão aprovar o uso, apenas limita-se a considerar experimental.
Mesmo com esse cenário atual, não restam dúvidas que essa normativa está para ser mudada e os Conselhos de cada profissão da saúde entenderem que o PRP só tem a somar nos procedimentos para a Saúde Estética. Tendo em vista tantos artigos científicos que são divulgados acerca do resultados satisfatórios do PRP. Entenda melhor sobre o procedimento de acordo com alguns artigos científicos.
RESPALDO CIENTÍFICO DO PRP NA ESTÉTICA
No artigo científico publicado na RBAC (Revista Brasileira de Análises Clínicas), “Plasma Rico em Plaquetas: uma revisão sobre seu uso terapêutico”, buscou estudar as vantagens do procedimento na Saúde Estética
O PRP contribui de diversas formas para favorecer o rejuvenescimento, por isso é um procedimento muito usado na estética. Os fatores de crescimento derivados das plaquetas estimulam de maneira potente a regeneração e reprodução celular por serem muito úteis em tratamentos de rejuvenescimento facial, oferecendo assim uma cútis renovada, hidratada, com boa elasticidade. É útil também como coadjuvante nas lipoenxertias faciais ou de glúteos ou como cicatrizante após cirurgias de abdômen ou mama. (COSTA; SANTOS, 2016)
A doutrina nacional e estrangeira tem destacado as propriedades regenerativas do PRP, sendo considerado um agente catalisador no processo de reparo tecidual. O processamento do PRP envolve a separação das plaquetas com todas as suas propriedades, podendo, assim, ser considerado uma fonte autógena de fatores de crescimento, pois trata-se de princípio terapêutico inovador, acelerando as etapas de reparo da ferida. (COSTA; SANTOS, 2016)
Diversos estudos da literatura demonstraram a eficácia do PRP na regeneração tecidual e cicatrização de lesões. As principais substâncias ativas biologicamente derivadas das plaquetas responsáveis pelos efeitos terapêuticos do PRP são os fatores de crescimento. A aplicação do PRP é considerada uma técnica segura, eficaz e confiável, trazendo avanços promissores quanto ao tempo de regeneração tecidual. (COSTA; SANTOS, 2016)
Em um outro artigo publicado na Revista Científica Eletrônica de Ciências Aplicadas da FAIT, “Os efeitos do Plasma Rico em Plaquetas (PRP) no Rejuvenescimento Cutâneo Facial” trouxe mais informações que comprovam que o os efeitos do PRP podem influenciar no retardo do envelhecimento cutâneo e um grande potencial para reestruturar a pele.
As alterações cutâneas provocadas por fatores internos e externos podem ser revertidas/amenizadas com a aplicação do PRP que, ao entrar em contato com a pele, age sobre as células danificadas, estimulando a regeneração e a reprodução celular e resultando em uma pele renovada, hidratada e com boa elasticidade. (SILVA; MUNIZ; BERGAMO, 2021)
Desse modo, fica evidente que o PRP é uma das mais modernas técnicas de biorregeneração, além de ser indolor e não exigir repouso. Sem falar nos resultados satisfatórios para o paciente, que percebem sua pele rejuvenescida, uma melhora expressiva da aparência e da textura da pele revigorada, o que se deve ao fato do PRP conter fatores de crescimento, conforme já salientado anteriormente, que impulsionam a produção do colágeno e da fibronectina, promovendo a angiogênese e melhorando, consequentemente, a reparação tecidual. (SILVA; MUNIZ; BERGAMO, 2021)
Esses e muitos outros artigos estão disponíveis para compreender melhor sobre os efeitos do Plasma Rico em Plaquetas aplicado na Saúde Estética.
BENEFÍCIOS DO PRP
Além de atrair a atenção do público devido aos seus resultados satisfatórios e seguros, o procedimento de Plasma Rico em Plaquetas também cativa por ter um valor mais acessível do que preenchimento com Ácido Hialurônico.
Para se ter uma ideia, o valor do PRP pode variar entre R$ 500,00 a R$ 3.000. Além disso, podemos citar alguns dos principais benefícios do procedimento na Saúde Estética:
- Conserva a elasticidade da pele, aumentando a produção de elastina e prevenindo o aparecimento de rugas;
- Contribui para a regeneração da pele de forma rápida e natural;
- Eleva a produção de colágeno, ajudando a eliminar manchas e marcas de acne;
- No couro cabeludo, sua aplicação pode engrossar as fibras capilares e até estimular o crescimento de um cabelo saudável.
- No corpo, atua no combate à flacidez por meio da tonificação muscular.
BIOSSEGURANÇA: ALERTA PARA OS CUIDADOS COM CONTAMINAÇÃO E INTERCORRÊNCIAS
Na reportagem que mencionamos no início do texto, foram apontados dois casos de procedimentos que terminaram com intercorrências. O PRP está passível de intercorrências como qualquer outro procedimento injetável, entretanto, é necessário que tenha cuidados com o manuseio e na aplicação, como mencionado acima no trabalho acadêmico.
Mas como apontado no estudo também, o PRP é um procedimento seguro e eficaz, que traz bons resultados, com pouca dor e com um investimento mais acessível. Mas quando falamos de segurança nos procedimentos estéticos nos referimos também – e principalmente – à biossegurança.
O conceito de biossegurança é baseado em atitudes fundamentais que estão relacionadas a prevenir doenças no espaço de trabalho do profissional esteta, seja no consultório ou na clínica. A finalidade é manter a integridade e a segurança dos profissionais e dos pacientes no ambiente.
Para o profissional esteta é essencial o uso de luvas, touca, toalhas, óculos, máscara e jaleco enquanto estiver realizando o procedimento estético. Além disso, é de suma importância cuidar de todo o ambiente, se atentando na limpeza e desinfecção do espaço.
Inclusive, uma dica interessante é fazer sempre um rodízio dos produtos utilizados na limpeza, pois é possível que os microorganismos criem resistência aos mesmo utilizados e isso pode causar uma proliferação.
Os cuidados com os materiais utilizados com os pacientes também precisam de muita atenção, uma vez que além de manter os equipamentos devidamente higienizados, atente-se ao uso das toalhas e lençóis, que devem ser de uso exclusivo e individual.
O QUE OS BIOMÉDICOS ESTETAS DIZEM SOBRE O PROCEDIMENTO
Para o Dr. Rodrigo Noronha – CRBM/RS – 0288, Biomédico Esteta , o cenário legal do PRP e PRF deveria mudar imediatamente, visto a quantidade de artigos científicos e embasamento técnico que demonstra a eficácia e segurança dos procedimentos. Inclusive, ele aponta que esta segurança só será possível ser atingida caso siga rigidamente os protocolos de biossegurança.
“O Biomédico, em especial o habilitado em Biomedicina Estética, é um profissional extremamente competente e apto a realizar este procedimento. Possuímos todo conhecimento técnico, teórico e prático para coletarmos e manipularmos o sangue. Estudamos por mais de 5 anos para isso. Além disso, com o extenso conhecimento adquirido em uma pós-graduação em Estética, somos mais do que competentes para aplicar os produtos finais de PRP e PRF para tratarmos condições estéticas de nossos pacientes”, afirma.
O profissional tem todas as qualidades necessárias para manipular e aplicar o PRP e PRF. O respaldo legal é a única coisa que falta para que o biomédico esteta comece a realizar esse procedimento.
Segundo a Ma. Dra. Ana Carolina Puga, presidente da Sociedade Brasileira de Biomedicina Estética (SBBME), é de suma importância que a prática com fins estéticos seja liberada no Brasil também, uma vez que estudos e práticas na Europa e na américa comprovam a eficácia e segurança da técnica, desde que feitas de maneira correta.
“Sou totalmente a favor da liberação para a categoria. Os dados são claros acerca da segurança, importância, resultados e eficácia do PRP. Por estar sendo tanto utilizado em diversos países europeus, não é considerado mais uma novidade, mas sim um tratamento de referência para diversos casos na estética. Intercorrências estão sujeitas devido a manipulação inadequada durante o procedimento, por isso, é tão necessário e importante seguir todos os protocolos de biossegurança”, aponta a Dra.
Por isso, a presidente da SBBME reforça que está mais do que na hora que seja aprovado o uso do PRP para sua classe e reconhecido pelo CFBM.
“Além disso, é importante ressaltar que é necessário que o CFBM aprove o uso do PRP para nós, biomédicos, independentemente do posicionamento da Anvisa, uma vez que a ANVISA só registra produtos industrializados, como a própria entidade mencionou em seu comunicado e ressaltou que esta liberação de uso é de responsabilidade dos conselhos de classe! Vamos lembrar que o biomédico esteta é um profissional com conhecimento fundamental para a Manipulação, desde a coleta, preparo e até mesmo aplicação do PRP, o que falta é a autorização do CFBM para este uso. A SBBME já vem há alguns anos trabalhando internamente para que este procedimento venha ser reconhecido pelo CFBM!”, conclui a Dra. Ana Carolina.
Irresponsável. Trouxe só os supostos benefícios da prática, sem abordar as possíveis complicações
As possíveis complicações são justamente evitadas a partir da atenção à biossegurança, algo que está bem explícito no texto.
28 de Março de 2022 foi feito está reportagem. Hoje 10 de Julho de 2023 tem alguma novidade em relação ao procedimento com PRP para uso na Biomedicina Estética?
Não e o pior CRBM nos pune só por publicações de 2020, alegando que devemos estar fazendo PRP, mesmo o Biomédico Esteta falando que não, ou seja direito a defesa nem pensar. Eles fiscalizam, julgam e multam.
Não há novidades sobre o procedimento. A última notícia da anvisa a esse respeito trata de um evento que apenas discutiu sobre a prática, conforme você pode conferir no link: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2018/evento-discutiu-regulacao-de-plasma-rico-em-plaquetas