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Falsa médica investigada por lesão corporal seguida de morte por PMMA cursou 3 períodos de medicina

Falsa médica responsável pelo procedimento, Grazielly da Silva Barbosa, atuava em clínica sem registro sanitário.
Leda Trevizoni
04 julho, 2024

Mais uma vítima da utilização irregular do PMMA tem gerado comoção esta semana. Notícias sobre o caso inicialmente apontavam a responsável pelo procedimento como biomédica, mas a dona da clínica não contava com formação completa. Segundo relatou à polícia, a falsa médica cursou até o 3º período de medicina e realizou outros cursos livres em estética, apesar de não ter apresentado nenhum certificado.

Entenda o caso    

Aos 33 anos de idade, foi a óbito a influencer e modelo brasiliense Aline Ferreira, que buscou o procedimento para aumentar medidas na região dos glúteos.

O procedimento foi realizado no dia 28 de junho por Grazielly da Silva Barbosa, dona da clínica localizada em Goiânia. Dias após o procedimento, porém, a paciente começou a apresentar dores e febre.

Quatro dias após o procedimento, Aline desmaiou e foi levada a um hospital, mas acabou sofrendo duas paradas cardíacas nos dias subsequentes, e faleceu na última terça-feira (2), em decorrência de infecção generalizada.

Falsa médica cursou até o 3º período de medicina

Segundo o marido da influencer, Grazielly chegou a negar que o PMMA foi utilizado, afirmando que a havia usado um tipo de bioestumulador. Outra testemunha, amiga da vítima, relata que a falsa médica não forneceu detalhes sobre a própria formação, nem explicou sobre os riscos atrelados ao procedimento.

As informações são do jornal O Globo, emitidas após coletiva de imprensa em que se pronunciou a delegada Débora Melo, parte da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor.

Grazielly foi presa nesta quarta-feira (3), após operação conduzida pela Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Decon) de Goiânia junto à Vigilância Sanitária. Apesar da investigação em curso, inicialmente a prisão se deu devido a crimes contra as relações de consumo.

Além de a responsável pelo procedimento irregular não contar com a formação adequada, tendo revelado à polícia que realizou o curso de medicina até o 3º período, sua clínica também não tem alvará sanitário para funcionamento.

PMMA: perigos e usos restritos na saúde

Apesar de ser liberado no Brasil, o polimetilmetacrilato (PMMA), muitas vezes vendido como preenchimento definitivo, é um produto de alto risco (classe IV) e não é recomendado para a maioria dos procedimentos faciais e corporais.

Por que o PMMA é tão arriscado?

O PMMA não é absorvido pelo corpo, o que significa que os resultados do procedimento são irreversíveis. Isso pode ser um grande problema caso os resultados não sejam satisfatórios, ou se a substância migrar para outras áreas.

A substância pode então causar complicações graves, como granulomas (nódulos), necrose de tecidos, infecções e até morte.

Atualmente, a recomendação de uso desta substância no Brasil só se aplica em dois casos: para correção volumétrica, ou seja, tratar irregularidades ou depressões, realizando o preenchimento de pequenas áreas afetadas por meio de bioplastia; e também para correção de lipodistrofia.

Nota do CRBM-3

Após o ocorrido, o Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região (CRBM-3) emitiu uma nota reafirmando que o uso de PMMA não está entre as atribuições da especialidade em Biomedicina Estética, podendo o agente da infração responder por processo ético.

A nota frisa ainda que “O biomédico, obrigatoriamente, deve estar inscrito e regular junto ao Conselho Regional de Biomedicina e ser devidamente habilitado em Biomedicina Estética. Caso o profissional não esteja inscrito, exerce ilegalmente a profissão.”

Imagem em destaque: reprodução, Instagram @linefrreira.

Leda Trevizoni
Editorial
Graduada em Comunicação Social com Habilitação Publicidade e Propaganda, Leda é uma das redatoras do time de marketing Nepuga | Fapuga. Escreve também para os blogs parceiros Biomedicina Estética, Enfermagem Estética, Farmácia Estética e Odontologia Estética.
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